sábado, 24 de abril de 2010

Faz Tempo...

Faz tempo que deixei de ser,
Esqueci de sonhar pra viver um dia a dia,
trabalho, contas, carro, mulher e familia....
só de falar já estou exausto,
Meu corpo navega por mares esquecidos,
Funde-se com o sentimento das coisas
Funde-se com o sentimento das pessoas,
Abomino-os,
Mas posso ver o que são os sentidos em seus olhos,
Secos e frios como uma tarde de inverno em São Paulo,
Desço uma rua qualquer da Lapa,
Mais e mais pessoas,
Motos e carros buzinam,
Os coletivos descem cheios e sobem gorfando pessoas,
Talvez olhar pro tempo seja o mesmo que olhar o céu,
Catastrofes acontecem, os sonhos continuam reais,
ruinas de um tempo esquecido:
Rugas em idosos nos mostram as civilizações antigas,
um dia envelheceremos...
Morreremos e esqueceremos de reproduzir,
continuaremos nos reinos do céu,
Seremos adorados e esquecidos pelos que ficaram,
Seremos lembrados por algum tempo apenas pelo nosso nome,
Que esta sujo no SPC e Cerasa,
Não teremos créditos e nem conseguiremos comida,
Não teremos água encanada e esgotos feitos,
Uma vez o nome sujo e o piscar de olhos da gerencia do banco:
_ DEsculpe meu senhor, não podemos..blá blá blá,-
E todas aquelas outras coisas que servem pra me humilhar diante todos,
Percorro os quatro cantos da cidade,
Exausto como sempre, reclamo de tudo.

A intenção era fazer um poema
Conciliar rimas e vagar por ai,
Ser poeta, ambição sozinha,
Percorrer automaticamente escrevendo
decifrando os signos, e do nada,
ressurgir das cinzas como a fenix
mas não, não posso, tenho a minha Ítaca pra conquistar,
Meu eterno regresso até os braços de Amelie,
Esqueci de tudo, o trabalho, o carro, as contas, a mulher a familia,
Tudo isso nos consome tanto
Que até mesmo eu esqueci de ser.
Pra falar exaustivamente sobre o meu dia
E as profecias próximas.

Deimein Deinch
2010)04(24